MULHERES QUE MATAM, MULHERES QUE ROUBAM: AS REPRESENTAÇÕES DA CRIMINOSA NA LITERATURA DE CRIME NO RIO DE JANEIRO (FINAL DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX)

Autores

  • Amanda Ribeiro Mafra IFMG Campus Avançado Piumhi

DOI:

https://doi.org/10.18223/hiscult.v10i2.3417

Resumo

O presente artigo tematiza as representações da criminosa presentes na literatura popular de crime que circulava na cidade do Rio de Janeiro entre fins do século XIX e início do XX. Para tal, traz análises de cinco obras populares de significativa repercussão no período, buscando por possíveis diálogos entre as representações das protagonistas criminosas, os discursos médico-higienistas acerca da “natureza” da mulher e as teorias de Lombroso e Ferrero sobre a criminalidade feminina. As análises apontaram para a existência de ideias em comum entre as ficções e os discursos especializados, como a percepção da criminosa como aquela que apresenta comportamentos desviantes do ideal burguês de conduta feminina. Ao mesmo tempo, a investigação apontou para a multiplicidade de sentidos expressos nas representações literárias, ora moralizantes, ora “sensacionais”.

Biografia do Autor

Amanda Ribeiro Mafra, IFMG Campus Avançado Piumhi

Docente de História do Instituto Federal de Minas Gerais ( Campus Avançado Piumhi), Mestre em História pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

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Publicado

2022-01-03