O sertão de Minas irrigado: modernização agrícola e mundo dos trabalhadores
DOI:
https://doi.org/10.18223/hiscult.v9i1.3133Resumen
Na segunda metade do século XX, o norte de Minas Gerais era apresentado pelo discurso hegemônico como “sertão”, o que era visto como sinônimo de atraso, inferioridade e isolamento. Seus habitantes, os sertanejos, foram representados como ignorantes, subdesenvolvidos, miseráveis e arcaicos. Para superar este panorama, a elite defendia que a criação de perímetros irrigados era a mola propulsora do progresso, do desenvolvimento e da modernidade. Os diversos documentos elencados (narrativas orais, jornais, relatórios produzidos por órgãos públicos, decretos judiciais e endereços eletrônicos) possibilitaram compreender memórias forjadas dialeticamente dentro do movimento histórico envolvendo trabalhadores, agências governamentais e empresários rurais.
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Entrevistas
Juvência Fernandes de Souza
Maria Aparecida Neves Souza
Paulo José de Souza