SEXUALIDADES REGULADAS: A “GRAMÁTICA DO TERROR” NOS LIVROS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS DO 6º AO 9º ANO DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE FLORIANÓPOLIS (2000 A 2011) = REGULATED SEXUALITIES: THE “GRAMMAR OF TERROR” IN 6th-9th GRADES SCHOOL TEXTBOOKS OF SCIENCE

Autores

  • Cristiane Castro Ramos Abud Doutoranda em Educação pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e mestrado em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).
  • Gladys Mary Ghizoni Teive Docente do Centro de Ciências Humanas e da Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Doutora em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Resumo

Os conteúdos abordados nos livros didáticos de Ciências carregam representações e intenções simbólicas, ideológicas e imagéticas que constituem sua materialidade discursiva permeada por relações de poder e saber. Pode-se inferir que o livro didático, enquanto manual didático, constitui-se em um artefato cultural dotado de intenções, estratégias imagéticas, ilustrativas e estéticas que lhe conferem a harmonia, arquitetura, e desenho, para a atenção e consumo de seus diferentes gêneros textuais. Este texto apresenta a análise dos discursos presentes em 10 livros didáticos de Ciências do 6º ao 9º ano, utilizados em escolas de rede de ensino municipal de Florianópolis, evidenciando como as narrativas imagéticas e discursivas presentes nestes livros estabelecem relações do conteúdo da AIDS com representações de morte, dor, castigo, culpa. Tendo como fundamento teórico básico os estudos de Michel Foucault sobre saber-poder, analisa como tais aparatos contribuem para a constituição de subjetividades, autocontrole, disciplina e, ao mesmo tempo, produzem representações em torno das formas de vivenciar as sexualidades e seus prazeres. Representações que atravessam os corpos dos seus leitores, causando-lhes marcas, configurando uma “gramática do terror” que assola as mentes dos sujeitos, para o controle de suas vidas, através de comportamentos preventivos considerados necessários para a produção do sujeito saudável. Os saberes prescritos pela escola e seus artefatos de poder devem ser permanentemente contestados, subvertidos, desafiados, demonstrando que tanto as identidades quanto as subjetividades são mutáveis e históricas.

Palavras-chave: Sexualidade. AIDS. livros didáticos. educação.

 

ABSTRACT

The content covered in the Science textbooks carry representations and symbolic, ideological and imagistic intentions; constituting a discursive materiality permeated by relations of power and knowledge. It can be inferred that the textbook while teaching manual constitutes a cultural artifact endowed with intentions, imagery, illustrative and aesthetic strategies that give harmony, architecture, and design, for the attention and use of their different textual genres. This paper presents an analysis of the discourses present in 10 Science textbooks from 6th to 9th grade, used in municipal schools in Florianópolis, showing how imagistic and discursive narratives contained in these books, establish the relation between the content of AIDS with representations of death, pain, punishment, guilt. With the basic theoretical foundation studies of Michel Foucault's power-knowledge, analyzes how such devices contribute to the constitution of subjectivity, self-control, discipline and at the same time, produce representations about the ways to experience their sexualities and pleasures. Representations crossing the bodies of their readers, causing them brands, setting up a "grammar of terror" that plagues the minds of the subjects to control their lives through preventive behaviors considered necessary for the production of healthy subject. The knowledge prescribed by the school and its artifacts could be permanently contested, subverted, challenged, demonstrating that both identities and subjectivities are changeable and historical.

Keywords: Sexuality. AIDS. textbooks. education.

Biografia do Autor

Cristiane Castro Ramos Abud, Doutoranda em Educação pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e mestrado em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).

Doutoranda em Educação pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e mestrado em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).

Gladys Mary Ghizoni Teive, Docente do Centro de Ciências Humanas e da Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Doutora em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Docente do Centro de Ciências Humanas e da Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Doutora em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Publicado

2014-11-04

Edição

Seção

Artigos Originais